Roubadinhas na Costa Rica
Oi Surfashionistas! Aqui Akemi na minha segunda matéria...
Eu
poderia falar das altas ondas que tem praticamente o ano todo na
Costa Rica, ou das paisagens deslumbrantes...mas aqui estou para
contar da trip mais doida que eu já fiz, muito tempo atrás...
Samantha e eu animadas antes das roubadinhas |
Eu
e Samanthinha desembarcamos em San José, capital da Costa Rica, no
dia 31 de dezembro umas 10 da noite. Com
muita pressa pra comemorar o ano novo na praia, e um orçamento bem
apertado, acabamos alugando o carro 4x4 mais barato que encontramos,
um Grand Vitara Mil Novecentos e Bolinhas. Jogamos as coisas dentro e
Sassa assumiu o volante dirigindo que nem caminhoneira, rumo ao
litoral.
touro mecânico |
Chegamos
em Jacó 23:45 e eu já desesperada quase
pulando do carro em movimento pra dentro de alguma boate, só para
não passar a virada do ano em branco. Enfim, chegamos em uma noitada
que estava bombando, e Sassa com seu “jeitinho brasileiro”
conseguiu nos colocar pra dentro “na faixa”. Ao entrarmos nos
deram chapeuzinho “tipo aniversario” e língua de sogra. Na hora
da virada rolou banho de espuma, touro mecânico, e de repente vimos
umas “chicas” entrando no palco de shortinho micro dançando e
cantando “en la boquita de la botelha” (na boquinha da
garrafa)!!! Ficamos na duvida se era uma boate brega ou um puteiro. Voltamos correndo pro carro e dai lembramos que
ainda não tínhamos lugar pra ficar...
nossa MEGA barraca |
Passando de 1 da manha do dia 1 de
janeiro achamos um camping bem baratinho e ali armamos nossa barraca.
Eu falei barraca? Sassa que me desculpe, mas aquilo parecia mais uma
cabana de bonecas de tão pequena. Uma vez armada, nos jogamos pra
tentar dormir um pouco antes da primeira session de surf do ano. Bom,
eu pelo menos tentei, mas acho que naquele momento desenvolvi uma
claustrofobia que não me deixou dormir ali. Me virei, coloquei minha cabeça pra fora da barraca pra poder respirar, mas dai vieram os
pernilongos! Nunca vi tantos! Enfim desisti da barraca e fui dormir
no carro. Ao amanhecer Sassa tomou um susto. Ela,
que dormiu que nem uma pedra dentro da barraca, acordou literalmente
com um caminhão de mudança ao lado. Sim, eles chegaram com cachorro,
gato, galinha, mesa, cadeiras e tudo mais. A cena foi hilária!
Akemi |
Samantha |
Ainda em Jacó, num belo fim de tarde eu
e Sassa fomos surfar num pico lá embaixo de um penhasco, um pouco
antes de Hermosa. Uma praia linda e deserta. Pegamos altas ondas. Já
estava quase escuro quando decidimos sair do mar, e foi ai que
Samantha se lembrou que havia deixado a chave do carro dentro do pé
de pato...ou seja, se o pé de pato estava no pé dela, onde estava a
chave? Me desesperei! E a Sá só falava assim “caaaalma
gata”...começou a escurecer, mosquitos famintos, esfriando...e a
gente procurando a chave dentro do mar, com a agua quase no joelho!
Depois de uns 20 minutos e já no breu...eis que Samantha deu um
grito! Ela achou a chave lá no fundo do mar!!! Sério, foi Deus!
Sassa no nosso Suzukinho |
O Suzuki cada hora quebrava uma
coisa...quebrou o som, furou o pneu, caiu um pedaço do para choque...e
tinha um farol emotivo...funcionava só de vez em quando. Quando ele
apagava a gente tinha que jogar o carro num buraco pra chacoalhar,
dai o farol acendia no tranco! Pegamos a balsa em Puntarenas para
atravessar o Golfo de Nicoya em direção a Mal Pais. Foram 1h de
travessia já tarde da noite. Contrariando as regras, ficamos dentro
do carro, com ar condicionado ligado e ouvindo musica. Claro que
acabamos com a bateria do carro! Mas o Suzukinho é guerreiro. Bastou
um empurrãozinho e pé na estrada de novo!
escorpiões |
única forma de dormir |
Decidimos pernoitar em Paquera pois já
passava de meia noite. Todas as pousadas estavam lotadissimas! Depois
de mais de 1h circulando pela cidade, já morrendo de sono e muito
cansadas, encontramos uma “casita” de uma senhora que nos
hospedou. Ela abriu a porta do quarto e demos de cara com um bicho
enorme no chão! Ela chutou pra fora, e com a maior naturalidade
disse: “é só um escorpião. Tá cheio aqui!”. Numa noite super
quente e sem ventilador, eu me enrolei inteira na coberta e não
sobrou um fio de cabelo pra fora. Não sei nem explicar qual a sensação de dormir num quarto com escorpiões!
Indo de Mal Pais para Tamarindo, o
trajeto era dirigir pela areia da praia, depois entrar pela floresta
e atravessar um rio. Tudo bem planejado, exceto pelo fato de que a
travessia tinha que ser feita na maré baixa. Desatentas a esse
“detalhe” e já anoitecendo, começamos a travessia. Samantha no
volante e eu como navegadora foi um desastre. O Suzuki que a essas
alturas já tinha se transformado num carro anfíbio, estava com água
quase na metade da altura. Samantha virava para direita, para
esquerda, e nada de achar a continuação da estrada...de repente o
carro encalhou! Quanto mais a Samantha acelerava, mais o carro
afundava nos pedregulhos, e mais eu gritava de desespero. Sim, a japa
aqui estava com os olhos mais arregalados que o társio-das-filipinas.
A maré subia com uma velocidade incrível e quando você pensa que não
pode piorar, o motor desliga! Sim...com tanta água conseguimos afogar
o motor! Eu completamente em estado de pânico, olhei pra cara da
Sassa, que gritou: PQP para de chorar! Eu parei na hora! Samantha
sempre com pensamento positivo: vai pegar, vai pegar, vai pegar!!! E
claro, com mais uma mãozinha de Deus, o carro pegou! Já estava tudo
escuro e por outro milagre, avistamos a estrada! Ufa.....nos livramos
de mais uma!
társio-das-filipinas |
Sabe quando você pensa que sabe falar
espanhol? Pois é...eu e Samantha procurando a tal Playa
Escondida...paramos pra pedir informação e eu soltei essa: “por
favor Playa Escondida está pierto?”. O garoto: “no compreendo,
que és pierto?” e eu “pierto és lo que no és lonrre!”, e ele :
lo que és lonrre?” E assim a Playa Escondida continuou lá,
escondida!
Pódio do campeonato |
centrinho de Puerto Viejo |
Na ultima semana fomos para o outro
lado do pais, em Puerto Viejo, para competir o campeonato nacional de
surf e bodyboard. Foram 12h de viagem que valeram a pena. Resultado
final, eu campeã e Samanthinha vice! A noite saímos para comemorar em
uma boate e voltamos cedo para dormir, por volta da 1 da manha. No
meio da madrugada ouvi Sassa gritando “Akemi você viu o cara aqui
dentro?” eu acendi a luz e Samantha estava parecendo possuída,
olhos arregalados, agitada. Na noite anterior, Sassa e o dono da
pousada passaram horas falando de espiritismo. Eu me lembrei disso e
disse: “Samantha você tá viajando! Não tem ninguém aqui! Deve
ser de tanto falar de espírito. Vai dormir!”. Ela se virou e voltou
a dormir. E eu? Ah, perdi o sono, claro! E o medo da Samantha estar
mesmo possuída? Ainda com a luz acesa olhei em direção a mesa onde
deixei minha câmera recarregando. Tinha sumido! Dai olhei para a
porta de entrada, e estava entreaberta! “Samantha, Samantha,
acordaaaaa!”. Samantha deu um pulo e saímos do quarto correndo no
breu. Estávamos no ultimo chalé, praticamente no meio do mato. Não
tinha ninguém e Sassa teve a incrível ideia de pegar o carro para ir
procurar os ladroes! E eu junto. Aqui começa a parte mais bizarra da
trip. Já era mais de 2 da madrugada, e no centrinho só tinham uns bêbados e malucos. Encontramos dois “amigos” locais que estavam
procurando o ladrão que roubou a bicicleta deles. Samantha e eles
chegaram a conclusão que era o mesmo ladrão. Colocou os caras no
nosso carro porque eles disseram que sabiam onde o ladrão morava. Nos
levaram pra dentro do gueto! Chegando lá, avistaram o tal “ladrão”,
desceram do carro correndo e começaram a bater no cara! Depois de um
tempo, pularam pra dentro do carro e disseram: “corre porque
batemos no cara errado!”...o coração foi a mil! Sassa acelerou o
carro e fugimos de lá.
Deixamos os "amigos" no centrinho e voltamos para
a pousada. Já no nosso quarto, ouvimos uma discussão. Eram os “nossos
amigos” que dessa vez acharam que o dono da pousada era o ladrão! Começaram a bater nele. Samantha foi correndo tentar separar a briga,
e eu medrosa, fiquei olhando de longe. Estava tudo muito escuro. De
repente ouvi tiros!!! Sai correndo em direção a mata fechada e pulei
uma cerca. Entrei em estado de choque. Não me lembro de mais nada. Eu
só tremia e chorava. Pensei que todos estavam mortos e que estavam
me procurando pra me matar. Sim, eu sou dramática. Eu sou canceriana!
Para minha surpresa, Sassa chegou lá com o dono da pousada. Os tiros
foram só para assustar os doidos e ficou tudo bem. Ainda em estado
de choque, fui levada de volta para o quarto e lá pedi pelo amor de
Deus para Samantha, para irmos embora da cidade. E assim, as 5 da
manhã e sem dormir, partimos para Limón.
com muito sono depois da encrenca |
O texto aqui já esta muito longo. As
roubadas foram muitas e só falei as principais. Foram quase 1 mês
na Costa Rica e de resto, a trip foi maravilhosa!
Ah, em tempo...
Depois de toda aquela confusão e sem
dormir, na estrada para Limón, Samantha estava dirigindo que nem um
zumbi. Na bifurcação, virou para a esquerda para pegar “outra
estrada”. “Mão dupla”...nenhum carro...e soltei um comentário:
“Sassa, porque todas as placas do lado de cá estão viradas para o lado de lá?” e Samanthinha já sem paciência: “você quer
dirigir? Não? Então deixa eu dirigir sem dar palpite!”...passou
mais uns minutos e eu insisti: “Sá...to vendo uma estrada ali do
lado direito e ela vai na mesma direção dessa aqui...estranho né?”
Samantha já nervosa comigo...e eu continuei: “vamos parar naquele
posto ali pra pedir informação porque to achando esse negócio
estranho!”... Samantha cedeu ao meu pedido, e quando ela fez a
curva para entrar no posto de gasolina, vieram duas carretas
emparelhadas em nossa direção. Foi o tempo certinho de desviar delas!
Os frentistas desacreditaram na cena...ou seja, estávamos dirigindo
na contramão!
nosso trajeto |
Aqui um pequeno vídeo de Costa Rica. Como roubaram nossa filmadora, com ela se foram o que tínhamos de mais valor, a maioria de nossas imagens.
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