Um homem e um sonho: e assim a Rocinha vai pro mar! Bodyboard na veia galera!



Oi pessoal, nessa minha primeira matéria no Surfashion Blog vou falar sobre um lindo projeto social que eu acompanhei de perto quando morava no Rio de Janeiro. Espero que vocês curtam. Um grande beijo, Akemi ;)


Quando você ouve falar da Rocinha, o que vem em mente? Violência? Tráfico de drogas? Tiroteio?
Aqui vou contar para vocês uma historia incrível de um homem que tem mudado a vida de muitas crianças.

A Rocinha é a maior favela do Brasil, localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, com 200 mil habitantes . É uma comunidade de gente simples, trabalhadora e que não tira o sorriso do rosto.
A trajetória da Rocinha é um retrato do que aconteceu no resto do Rio de Janeiro. A ocupação acelerada do morro aconteceu na década de 1950, com a chegada em massa de nordestinos. A complexa realidade da Rocinha espelha bem os problemas históricos do desenvolvimento urbano brasileiro, caracterizado por profundas desigualdades sociais.

Na favela, infelizmente, há uma das condições que mais ameaçam a saúde biopsicossocial da coletividade: a violência. Eu já estive na comunidade algumas vezes. Fui lá em cima de moto táxi, passei pelas vielas, becos e barracos. É uma experiência incrível. Um visual maravilhoso, com gente simples e simpática, contrastando com a realidade dura que eu só havia visto em filmes como Tropa de Elite, por exemplo.
 
Cenas que só vimos em filmes policiais lá são banais...e ai é que mora o perigo.
O clima de medo e insegurança dos moradores é cada vez maior. Infelizmente, tiroteios são tão constantes e rotineiros que a situação passa a ser vista como natural. Indivíduos crescem achando normal o uso de drogas e até mesmo o tráfico.

As crianças das favelas precisam de oportunidades, precisam ser abraçadas e se sentirem inclusas na sociedade de forma que sinta-se capazes de vencerem as dificuldades e crescerem de maneira digna e honesta.
É dentro desta realidade social que, há 15 anos, o professoy “Ley” vem desenvolvendo um lindo projeto social, que se chama Escola de Bodyboard da Rocinha.

Em contraste com uma difícil realidade e com poucas perspectivas, a Escola de Bodyboard da Rocinha possibilita uma vida mais digna para estas crianças excluídas e funciona como um veículo de libertação, oferecendo oportunidades para uma vida melhor, longe da degradação, da delinquência e do tráfico de drogas.

Wanderley Silva Da Conceição, ou simplesmente Tio Ley. Esse é o nome pelo qual os alunos do projeto social fundado no início de 2001 chamam o professor e fundador da Escola de Bodyboard da Rocinha. Ley começou a surfar em 1986 quando tinha apenas 11 anos e então sua mãe lhe deu sua primeira prancha. Seu pai era salva vidas na praia de São Conrado e o levava com frequência para a praia para treinar. Como atleta, Ley sempre se destacou por seu estilo e perseverança, conseguindo conquistar alguns títulos em sua carreira.

Por volta de 1998, algumas crianças da comunidade começaram a chegar na praia de São Conrado e perguntar ao Ley como ele fazia para executar manobras como o 360 ou o El Rollo. Ley sabia que o interesse das crianças era grande e que ele poderia transformar esse interesse em qualidade técnica.

Logo foram feitas amizades fortes e sólidas. Ley introduziu a parte pratica e teórica, ou seja, treinamento dentro e fora da agua. Além de um exigido condicionamento físico. Rapidamente os atletas foram sendo formados e os títulos com expressão no esporte aparecendo. Os primeiros atletas da escola de bodyboard da Rocinha foram: Guilherme Ximenes; Paulo Júnior (Backflip); Bruno Rodrigues (Pão); Wagner Silva; Ricardo Ramos (Choco); entre outros feras da época, hoje grandes nomes do esporte.

 
Com o avanço da notoriedade dos atletas despontando em campeonatos nacionais e estaduais, e a divulgação do esporte na Rocinha, o numero de crianças querendo aprender o esporte foi aumentando. Mesmo sem quase nenhuma estrutura para atender a demanda das crianças, Ley abraçou a causa e decidiu então fundar a Escola de Bodyboard da Rocinha, trabalhando sempre com muito profissionalismo e sabendo do exemplo que seria para cada criança, atuando diretamente em cada cabeça para formar um cidadão melhor, do bem, que cuide do seu corpo, da sua mente e que some valores para sociedade. 

Quem conhece e convive com o Ley sabe o tamanho do amor que ele tem para com essas crianças. São uma verdadeira família. É lindo ver Tio Ley, sua equipe e seus alunos descendo o morro, com um largo sorriso nos rostos e ansiosos para pegar altas ondas no cantão de São Conrado, um dos melhores picos de bodyboard do Brasil.
 
Na Escola de Bodyboard, a missão é trabalhar e crescer junto com as crianças a partir da idade mais fértil e receptiva, compartilhando conhecimento e experiências, tornando-os sujeitos participativos, conscientes de sua identidade e de seus direitos e deveres dentro da sociedade.
Dentro do nosso trabalho social, educamos os alunos, disciplinamos, cobramos que eles estejam estudando, pois isso é essencial na vida de cada um deles. Conosco também, eles aprendem toda a prática e perfeição do esporte, aprendem a ter mais conhecimento do mar e das ondas, além disso têm aulas de natação, de simulação de afogamentos e aulas de educação física, além de várias outras atividades.”- disse Ley.

Com o passar dos anos a quantidade de alunos foi aumentando. “Hoje temos inscritos no projeto cerca de 65 meninos e 15 meninas além de 70 crianças aguardando uma vaga para poder participar. De 2009 a 2012 o projeto dava bolsas gratuitas para os atletas de fora da Rocinha, mas por falta de patrocinadores tivemos que parar e ficamos só com as crianças, adolescentes e jovens da comunidade.” completa Ley .

Aumentar o número de bodyboarders no Cantão de São Conrado ajudou a diminuir o número de jovens de bobeira pelas vielas do bairro, mas para que o professor consiga dar continuidade a esse projeto é preciso de apoio. Assim como a maioria dos projetos sociais do país, a Escolinha de Bodyboard da Rocinha funciona através de doações. “Tem meses que entra e tem meses que não”, explica Ley. Todos os professores são voluntários, mas mesmo assim é preciso uma quantia por mês para manter os equipamentos. Segundo Ley, parece que vai pintar um bom apoio para o projeto. Vamos torcer para isso! Caso você ou sua empresa queira ajudar de alguma forma, por favor entre em contato pelo telefone (21) 99791-7623.


Assista aqui o vídeo desse lindo projeto no nosso canal no YOUTUBE:


A Escola de Bodyboard da Rocinha conta com a seguinte equipe:
Renan Vicente-professor.
Luiz Carlos- professor.
Rafaela Alves- monitora.
João Beta – Professor de educação física

As aulas de bodyboarding acontecem nos seguintes dias.
Turno da manhã: terça quarta e quinta: Das 8:00 hrs às 10:00 hrs
Turno da tarde: terça quarta e quinta: Das 15:00 às 17:00 hrs

Perfil do professor Ley no Facebook:

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